2 de dez. de 2012

resenha #4: Os filmes que eu vi com Freud - Waldemar Zusman

Título: Os filmes que eu vi com Freud.
Autora: Waldemar Zusman.
Editora: Imago.
Páginas: 176

Há filmes que nos deixam reconciliados com a vida. Outros nos revolvem a alma, geram ansiedade insuportáveis e curiosidades insanáveis. Saímos do cinema querendo comentar o filme com alguém, aprofundar o entendimento de certas cenas e compreender melhor certos comportamentos de algum personagem. O livro vai ao encontro dessa necessidade humana de saber mais e melhor a respeito de nós mesmos e das experiências emocionais em que vivemos sempre imersos, retratadas em certos filmes. O autor analisou psicanaliticamente filmes como "O Piano", "Feitiço do Tempo", "Nove e Meia Semanas de Amor", "A Rosa Purpura do Cairo", entre outros. (Sinopse: Roberto Pires)
Os frutos da união entre Cinema e Psicanálise são tão saborosos quanto infinitos. Filmes são narrativas dotadas de um potencial único de envolvimento, imersão e "participação". Fenômeno a que Freud nomeou identificação, apresentado e fundamentado noutro texto - Psiocologia de Grupo e Análise do Ego, tema para outra resenha.

Seja o leitor conhecedor ou não tanto dos filmes quanto das teorias freudianas abordadas na obra, dificuldade não encontrará. Aos fãs de célebres produções como Tomates Verdes Fritos, Perfume de Mulher; bem como aos interessados em temas (re)correntes no convívio em sociedade, como supervalorização do dinheiro, arrogância, psicose e o tão famoso Complexo de Édipo - entre outros - Zusman apresenta uma linguagem muito acessível e simpática.

A análise de Proposta Indecente, por exemplo, evidencia a importância prejudicial atribuída ao dinheiro, de como esse opera um certo envenenamento no sujeito, capaz de fazê-lo colocar em segundo plano os próprios princípios ensinados pela cultura. Alerta sobre como a posse febril do dinheiro aumenta o medo das perdas e a desconfiança em relação ao(s) próximo(s) com quem se convive.

O autor mostra como A Rosa Púrpura do Cairo trata do poder encantador que o cinema possui, de apresentar realidades quase tão verossímeis quanto a em que vivemos. Fazer-nos às vezes não distinguir a alternância entre o que reconhecemos como "de verdade" e ficção. E as consequências dessa entrega às "realidades construídas".

É certo e interessante, inclusive, como as análises e exposições de Zusman lançam luz sobre curiosidades que os mais atentos e entusiastas da psicologia possivelmente têm; sobre caminhos certamente jamais percorridos por muitos espectadores ao assistir (ou mesmo rever) seus filmes preferidos. Leitura fácil, curiosa e muito interessante. Tipo de conhecimento com o qual todos deveriam ter contato pelo menos uma vez.

A inveja segue certas linhas que a psicanálise já decifrou. Uma delas fundamenta o ciúme. Quando alguém se compara a outro e, por inveja, se sente inferior, não pode mais crer que alguém possa amá-lo, já que ele próprio prefere o outro a si mesmo” (p. 45).

Por Pedro Monteiro. 

2 comentários:

Marcelle Hauany disse...

Adoro tudo que você escreve, Pedro. Muito bom! =)

Pedro Monteiro. disse...

Agradecido e (muito) lisonjeado, Marcelle! Obrigado pelo incentivo. Visite sempre o blog! =)

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